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[silvabaral]

Fala galera
Vou contar um pouco da minha pequena experiência com edição de áudio e música no Manjaro, pode ser que ajude alguém, principalmente iniciantes. Sou iniciante também, e talvez o que vou contar agora seja muito óbvio pra quem tem experiência, mas pra quem tá começando pode esclarecer algumas coisas.

Migrei do Windows pelos mesmos problemas que vejo todo mundo falando aqui. Travamentos, falta de compreensão do que estava acontecendo em background, etc.
Pelo que havia lido, o Linux seria uma opção viável pra fazer o que eu queria: Estudar música, áudio profissional, essas coisas.
Tenho os seguintes equipamentos:

Note Asus, i5, 6GB RAM, tela de 14
Monitor de vídeo conectado na VGA do note
Interface de áudio behringer UMC404HD
Pedaleira Zoom G5, que também é interface de áudio
Pedaleira MIDI Behringer FCB1010
Bateria eletrônica Shelter STD36
Teclado MIDI Samson Carbon 49

Minha intenção era ter um sistema dedicado. Claro, também com algumas coisas básicas, como suíte office, app de notas, browser, mas a finalidade principal era trabalhar com multimídia. Na busca, descobri o Ubuntu Studio (US), que tem uma proposta muito boa. O US roda originalmente com XFCE. Quando instalei, fui logo começando a fuçar tudo, entendendo como as coisas funcionavam. Comecei a aprender sobre JACK, ALSA, pulseaudio. Comecei a entender as configurações através do qjackctl, auqeles patchbays, ladish. Muita informação nova, realmente foi um desafio. Ainda não sou um entendedor completo, mas consegui fazer o que eu queria funcionar. São apenas 4 meses de uso, então ainda há um longo caminho. Alguns problemas ainda não resolvi, mas nada que me atrapalhe, talvez por isso dedico menos tempo para entender o funcionamento e mais tempo me dedicando ao que eu gosto, que é fazer música.

Ocorre que o XFCE no US apresentava alguns problemas com as janelas (iniciavam muito grandes e desconfiguradas), depois passei a receber mensagens de erro do sistema. Fui pesquisando e descobri que interfaces gráficas e o linux eram coisas diversas, apenas complementares. Pra verem em que nível eu estava. Troquei o XFCE pelo KDE, que uso até hoje. Escolhi o KDE porque li alguns artigos sobre como o Plasma estava consumindo pouca memória, se aproximando do XFCE. E como era uma interface muito configurável (e ainda por cima muito leve, apesar de graficamente muito bonita), decidi mudar.

Meu US rodava agora com KDE. E foi no US que aprendi muita coisa sobre como o áudio funcionava no linux. Porém, alguma coisa não ia bem. Tenho quase certeza que não era o sistema. Eu que sabia pouco. Então mexia muito, e quebrava o sistema, reinstalava tudo de novo, tentando corrigir os erros e tal. Ao mesmo tempo, enquanto achava que o problema poderia ser o sistema, descobri o Manjaro. Cheguei até ele através das minhas pesquisas sobre o ARCH. Mas instalar o Arch é sacal. No início, com o Manjaro, parecia o Ubuntu Studio. Muita coisa dando errado. Algumas reinstalações depois, descobri um app na ISO chamado Manjaro Architect. Era o que eu queria desde o início, mas não sabia. Apanhei de novo, reaprendendo, reinstalando, mexendo, mas como dizem por aqui, isso é parte da graça do Manjaro.

Por fim, na minha última experiência de instalação architect, já tinha conhecido, através da wiki do arch, um metapacote chamado pro-audio. Fiz a instalação dele ali, durante a instalação do Manjaro. Também já instalei com kernel de baixa latência. Quando acabou, estava tudo pronto. Dezenas de equalizadores, compressores, reverbs, plugins pra tudo que é gosto, DAWs, softwares para loop, racks, sintetizadores.

Alguns dias mais, os horizontes se abriram e agora posso ver o universo de possibilidades que não tinha no windows. O sistema só roda o que eu preciso. Não é fácil, para um iniciante, mas a recompensa está sendo muito boa.

Aprendi a usar o Cadence, Claudia, Carla, Catia. Posso colocar meu processador pra trabalhar dedicadamente. A latência é realmente muito baixa. Minha interface e minha pedaleira (que também é interface) funcionam em conjunto. Abro o Reaper, ou o Ardour, e elas estão lá. posso usar os 4 canais da behringer, e ainda posso gravar a guitarra diretamente da pedaleira, dentro do mesmo projeto, como se fossem uma única interface. Consigo usar o sooperlooper pra fazer uns loops, estudar, testar performance como se fosse ao vivo, gravar, corrigir e melhorar. Um arsenal de ferramentas que, no Windows, não poderia pagar e não teria como aperfeiçoar.

Algo que sinto falta: VSTis. Mas aprendendo sobre soundfonts e como manipulá-los no Carla e no Polyphone, posso deixar tudo do jeito que me atende. Os gerenciadores de sessão, como o Cláudia, o gladish e o Ray Session também são uma mão na roda.

Claro que ainda é preciso dar alguns passos, mas espero que pra quem tá começando, ao ler isto, consiga reavivar as esperanças, porque vale a pena.

Vc terá tudo que precisa pelo pamac.
1. Se já tiver instalado o manjaro, busque por este pacote no pamac: pro-audio. Não esqueça de habilitar o AUR no pamac.
2. Adicione seu usuário aos grupos audio e realtime-privileges
3. Instale o pacote cpupower
4. Use o Cadence para setar seu processador para performance
5. Configure o o jack com o Cadence. No youtube tem vários videos explicando, mas basicamente vc precisa setar, inicialmente, qual interface usar e as configurações nela; Pra mim, funciona muito bem a 44100 e 256.
6. Habilite todas as pontes alsa-jack, alsa-midi que estiverem disponíveis
7. Use o Catia pra fazer suas conexões de hardware
8. O Claudia ou gladish, ou ainda o ray session são fantásticos. Por eles você salva todas as configurações em um arquivo, chamado de sessão, e toda vez que você abrir aquela sessão, todas as conexões entre hardware e software se farão
9. Use sua DAW de preferência, grave, edite, é isso que gostamos de fazer. O reaper e o ardour estão no pamac também. No pacote pro-audio já vem o Ardour.
10. Use o Carla para testar seus plugins. Aprenda a usar o patchbay do Carla. Ele também lê os soundfonts, vc praticamente não precisará de outro plugin pra isso. O Carla é suportado pelo Reaper. Digo isso porque o Reaper não suporta a grande maioria dos plugins do linux, mas abrindo o carla nele, tudo mais vc abre pelo Carla, e vc não sentirá falta de quase nada
11. Se vc tem samples, aprenda como criar soundfonts no Polyphone, e abra eles no Carla. Baterias, percurssão, pianos, orquestras inteiras. Se tiver tempo e paciência pra aprender, crie. Se não tiver, tem vários sites que oferecem soundfonts já prontos, de qualidade, é só baixar e abrir com o carla.
12. Com calma e paciência, vc não se lembrará mais do windows pra nada

Pontos negativos:
Os apps de linux, vários deles, tem uma interface feia e pouco intuitiva. O design deixa a desejar em muitos pontos. Isso não é frescura. Para usar ao vivo, por exemplo, uma aparência clara e intuitiva ajuda muito. Mas pra gravar em casa e editar, eles são muito bons.

As explicações na internet são boas, mas vc precisa ter uma base de conhecimento antes. Vc vai entender o real significado de curva de aprendizado, quando começar a pesquisar e se desesperar. Mas com persistência, vc aprende.

Não conseguiria esgotar o tema, portanto, se alguém tiver alguma dúvida específica, ficarei feliz em responder, se puder.

Abraços

[caffilhobr]

Valeu por compartilhar a experiência, o mundo open source tem uma gama bem interessantede ferramentas eu por exemplo utilizo ferramentas que vão me atender no ramo da Agronomia, e funciona tudo a contento.

[caiop]

Muito bom ler sua trajetória, cheia de contentamento. Vocẽ tem experiẽncia com microfones condensadores? Se sim, qual seu parecer de microfones na plataforma?